Em meio à tensão entre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Congresso Nacional, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta quinta-feira (26) ver disposição dos Poderes para a construção de soluções estruturais para o tema fiscal.
“Em todas as oportunidades que eu tive de interlocução, seja com o presidente Lula, seja com o ministro [Fernando] Haddad, com o presidente Hugo [Motta] com o presidente Davi [Alcolumbre], sempre encontrei uma disposição muito grande ao buscar construir soluções, propostas estruturais para os temas fiscais”, afirmou.
Galípolo disse ver com “bons olhos” o debate sobre a questão fiscal no país. “O ponto positivo é dizer que está ocorrendo discussão sobre esse tema. O tema central que está sendo debatido e ocupando páginas de quem cobre economia é justamente como endereçar essa questão de ter medidas estruturantes para permitir uma sustentabilidade da evolução da dívida pública. Isso é um ponto muito positivo”, disse.
O governo Lula sofreu uma derrota robusta nesta quarta (25), quando o Congresso Nacional derrubou os três decretos que alteravam as alíquotas do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).
Em entrevista ao C-Level Entrevista, novo videocast semanal da Folha, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) disse que o governo avalia três alternativas como resposta: ir à Justiça contra a decisão do Congresso, buscar uma nova fonte de receita ou fazer um novo corte no Orçamento que “vai pesar para todo mundo”.
A alta no IOF foi motivo de tensão entre Haddad e Galípolo. Em maio, o presidente do BC disse ter uma posição pessoal de “antipatia” e “resistência” a mudanças no IOF para alcançar objetivos fiscais. Segundo ele, a medida não deveria ser usada com objetivo arrecadatório nem para apoio à política monetária.
Questionado sobre o tema à luz dos acontecimentos mais recentes, Galípolo disse que naquela ocasião estava falando especificamente sobre a ideia de que a medida pudesse sugerir algo que gerasse algum tipo de fricção sobre a mobilidade de capitais. “Era mais sobre essa dimensão do IOF que eu comentei e não do IOF no sentido lato sensu”, afirmou.
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