Quando há uma situação na qual se perpetuaram esses descontos, que ajudavam no financiamento de determinados sindicatos, a pergunta é: a manutenção desses descontos aconteceu por incompetência do governo ou uma parte dele sabia disso e deixou rolar para financiar determinados grupos? Se isso aconteceu, quem sabia disso? O Palácio do Planalto fez ou não vistas grossas para não prejudicar certos grupos sindicais?
Enquanto o governo se nega a dar uma resposta política para a questão, ela sai do colo do Lupi e entra no do presidente da República. Neste momento, o governo se sente mais à vontade de postergar. Houve a morte do papa Francisco e as atenções de parte significativa da mídia brasileira estão em cima do funeral e na escolha do sucessor.
O governo ganhou um respiro, mas isso é falso. A investigação está só começando e vai para depois do conclave. Se Lula não tiver uma resposta política, com relação à responsabilização, e uma econômica, de quando o dinheiro será devolvido aos trabalhadores, essa conta vai pesar. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
Sakamoto destacou que o governo Lula enfrenta um dilema. Há uma pressão de aliados para a demissão de Carlos Lupi (PDT) do Ministério da Previdência, mas o partido do ministro ameaça deixar a base governista caso a exoneração seja confirmada.
As coisas são mais complicadas do que parecem ser nesta primeira camada. Vimos um dos maiores escândalos envolvendo aposentados na história do país. É um caso extremamente grotesco, com esses descontos de forma desconhecida.
Se fosse outra situação e menos complicada, talvez o governo até teria exonerado Carlos Lupi do Ministério da Previdência. Mas o PDT, por mais que não seja uma bancada grande no Congresso, é fiel ao governo Lula. O líder do partido na Câmara veio a público para dizer que demitir Lupi equivale a exonerar o PDT do governo.