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Cuiaba - MT / 16 de agosto de 2025 - 7:05

RECLAME AQUI: Lei Magnitsky com defeito. Não funciona

Sempre admirei a robustez dos produtos americanos quando o assunto é exportar democracia. Por isso, no dia 29 de junho, quando vi que a Lei Magnitsky vinha com selo de aprovação bipartidária e aroma de liberdade, cliquei no botão “comprar agora” sem hesitar. “É hoje que eu me livro da ditadura do Judiciário”, pensei, seduzido pelo anúncio que prometia alívio imediato da opressão, e no mínimo muita dor de cabeça para Alexandre de Moraes, os outros ministros do STF e os apoiadores do doidivanas supremo. Um amigo exilado na Flórida me disse que o produto era infalível e eu acreditei, ué.

Meu frasco de Lei Magnitsky chegou muito bem embalado, protegido com plástico bolha, e dentro do prazo. Ao abrir a caixa, contudo, me deparei com um primeiro problema: o manual de instruções era extremamente confuso. Nem consultando os maiores especialistas na área entendi como a Lei Magnitsky funciona de fato. Nesse momento, comecei a duvidar da qualidade do produto. Mesmo duvidando de sua eficácia imediata (como prometido), espalhei Lei Magnisky pelo país todo, na esperança de me ver livre da praga. Sou um otimista.

Eficiência duvidosa

No começo, o produto pareceu funcionar. Quando Alexandre de Moraes mostrou o dedo do meio e escancarou seu destempero, por exemplo. E nos dias seguintes, quando 1) ministros se recusaram a assinar carta de apoio a Moraes; 2) ministros se recusaram a ir ao jantar de desagravo a Moraes promovido por Lula; 3) ministros ficaram em silêncio durante a sessão do STF; 4) jornalistas militantes foram demitidas; e 5) causas sensíveis foram magicamente distribuídas a outros ministros do STF que não Alexandre de Moraes. Ou seja, até sábado, estava acreditando que a Lei Magnitsky seria mesmo tão boa quanto meu amigo da Flórida tinha me dito.

Mas aí parece que tudo começou a dar errado. O povo até que se animou com a Lei Magnitsky (deve ser a fragrância de lavanda) e, no domingo, foi às ruas exigir o fim da ditadura. Mas logo no dia seguinte Alexandre de Moraes saiu punindo a torto e a direito. Primeiro, ele mandou um senador da República, Marcos do Val, usar tornozeleira eletrônica. Depois, bloqueou as contas e não sei o que do marido da deputada Carla Zambelli. No mesmo dia, um possuído Alexandre de Moraes determinou ainda que as contas de seu ex-assessor, Eduardo Tagliaferro, fossem bloqueadas. O cara perdeu até o direito de usar o Pix. Sim, o Pix! Definitivamente, gastamos Lei Magnitsky à toa, pensei.

Caro

Mas o dia não tinha acabado. Por fim, um Alexandre de Moraes aparentemente imune aos efeitos civilizatórios da Lei Magnitsky teve a pachorra de decretar a prisão preventiva domiciliar (sic) do ex-presidente Jair Bolsonaro. A decisão é mais uma daquelas excrescências jurídicas típicas do sujeito, escrita no estilo dogmático, escandaloso e… lamentável de um semiletrado com poder. Um poder que não diminuiu nem um pouquinho depois da sanção com a Lei Magnitsky. Pô, queria tanto quê!…

Ou seja, até agora, o único efeito positivo da Lei Magnitsky foi aquele alegria momentânea da quarta-feira passada, quando pensávamos que a inclusão de Alexandre de Moraes no rol dos violadores de direitos humanos, com sua consequente “morte financeira”, tornaria o regime PT-STF insustentável. Muito pouco para um produto que custa 40% de tarifas adicionais nos produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos.

À base de paciência

Antes de fazer esta reclamação, tentei contato com o fabricante do produto. Fui muito bem atendido pelo consultor consumer success Paulo e seu supervisor, o consumer success manager Eduardo. Eles me disseram para ter paciência, que a Lei Magnitsky ainda vai funcionar, você vai ver, Alexandre de Moraes não perde por esperar, etc. e tal, e prometeram me mandar mais frascos da Lei Magnitsky nos últimos dias. No aguardo.

Mas estou velho e cansado, sobretudo cansado, e não sei se disponho de tanta paciência assim. Aliás, os fabricantes da Lei Magnitsky bem que poderiam incluir na embalagem o aviso de que o produto funciona à base de paciência. Muita paciência. Do contrário, é capaz de haver por aí mais consumidores insatisfeitos como eu. De qualquer modo, por enquanto não quero a devolução do meu dinheiro nem nada. Quero apenas que a Lei Magnitsky FUNCIONE COMO PROMETIDO. Poxa.

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Cuiaba - MT / 16 de agosto de 2025 - 7:05

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