A TV Brasil, emissora do Governo Federal, volta a ser alvo de questionamentos devido a seus altos custos e baixíssima audiência, em meio a acusações de alinhamento político na programação e nas contratações. O caso mais recente envolveu um significativo aumento de salário para a apresentadora Cissa Guimarães e a expansão do contrato de produção de seu programa “Sem Censura”.
Cissa Guimarães, apoiadora do presidente Lula, teve seu salário mensal elevado de R$ 70 mil para R$ 100 mil em um ano. O contrato anual com a produtora terceirizada da atração, assinado sem licitação, também subiu de R$ 5 milhões para R$ 6,2 milhões. A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) justificou a expansão pela previsão de gravações em outras cidades e produção para redes sociais, além de citar o “engajamento em causas sociais e comunitárias” de Guimarães. O orçamento geral da EBC para este ano é de R$ 881,2 milhões, sendo que em 2021, o ex-ministro Fábio Faria estimou que apenas a TV Brasil gerava um “prejuízo de R$ 550 milhões por ano”.
Apesar do investimento, a audiência da TV Brasil permanece no que se chama de “traço”, com média mensal entre 0,2 e 0,3 ponto na Grande São Paulo, indicando um número de espectadores tão pequeno que é difícil de aferir. Em contraste, o “Sem Censura” de Cissa Guimarães recebeu o prêmio de Melhor Programa de TV de 2024 pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA). Hélio Doyle, ex-diretor-presidente da EBC, criticou essa disparidade, afirmando que “não tem sentido investir em um canal de televisão que pouquíssimos assistem” e que a audiência é “fundamental”. Ele também apontou a interferência governamental nos veículos públicos, com foco na imagem do governo em vez de “informação plural e isenta”.
Antonia Pellegrino, diretora de conteúdo e programação da EBC e filiada ao PT, defende que a audiência da TV Brasil não é baixa, utilizando o indicador de “público impactado”, que, segundo entrevista que concedeu ao jornal O Estado de São Paulo, alcança “193 milhões de indivíduos no Brasil”, considerando também visualizações em redes sociais.
A percepção é de que a TV Brasil tem contratado artistas e jornalistas que “fizeram o L” (apoiaram a campanha de Lula) e que os programas “oscilam entre a exaltação ao governo Lula, críticas ao campo político da direita e a divulgação das causas identitárias”. Além de Cissa Guimarães (R$ 100 mil mensais), outros exemplos incluem:
- Leandro Demori: Jornalista focado na suposta “trama golpista” e na prisão de Jair Bolsonaro, com salário anual de R$ 441,5 mil. É apresentador do “Dando a Real com Demori”.
- Eliana Alves Cruz: Jornalista e escritora, com programa “Triha das Letras” que discute temas atuais por meio da literatura com viés “hipster/woke”, recebendo R$ 95 mil por seis meses.
- Rita von Hunty (Guilherme Terreri): Apresentará a série “Como Nascem os Heróis”, que busca “desmistificar” personagens históricos sob uma “nova perspectiva”, com um custo de R$ 1,33 milhão para a produtora da série. O personagem, conhecido por seu canal “Tempero Drag”, aborda temas como marxismo.