Você vai ao cinema, vê o herói tropeçar, perder, quase desistir. E então ele vence. E você aplaude.
Não é só porque ele é corajoso ou brilhante. É porque ele caiu. E foi ali, na queda, que você se reconheceu.
A verdade é que não nos conectamos com heróis perfeitos. Nos conectamos com aqueles que atravessam crises — porque é na crise que nos vemos. Quando o personagem encontra forças para seguir apesar da dor, do medo ou da dúvida, algo dentro da gente também se move. Como se a superação dele ativasse, em silêncio, uma força que já estava adormecida em nós.
Essa sensação não é à toa. Existe um padrão por trás das grandes histórias. Um caminho simbólico que organiza os altos e baixos da narrativa — e que, surpreendentemente, também está presente na vida real.
No livro “O que Jung e Campbell não viram”, exploro justamente essa estrutura: um mapa simbólico que revela como toda trajetória — seja nos filmes ou na vida — passa por fases de expansão, colapso, travessia e renascimento. E como reconhecer em que ponto da jornada você está pode mudar tudo.
A maior surpresa? Esse mapa nunca esteve escondido. Ele sempre esteve acessível — em um lugar muito mais próximo do que se imagina.
Onde? No baralho.
Sim, o baralho comum. Aquele das cartas de copas, paus, espadas e ouros.
Uma linguagem simbólica antiga, simples e popular — que atravessou séculos e culturas carregando códigos profundos sobre a alma humana.
Nós só não sabíamos como olhar.
E quando começamos a enxergar, tudo muda.
Porque entender a própria jornada ajuda a dar sentido ao que se está vivendo — especialmente nos momentos difíceis.
É aí que entra a resiliência: não como resistência cega, mas como capacidade de atravessar a crise com clareza e propósito. Quem sabe por que está em movimento, atravessa melhor qualquer tormenta.
No fim das contas, todos somos protagonistas de alguma travessia. A pergunta é: você sabe em que ponto da sua história está?
Ana Paula Moraes é autora do livro “O que Jung e Campbell não viram”.