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Cuiaba - MT / 14 de junho de 2025 - 17:40

Piada em debate: “Última Análise” explora o Caso Leo Lins

O humor virou crime. E rir, em 2025, é quase um ato revolucionário. Partindo dessa provocação, o “Última Análise” desta sexta (13) mergulha no caso do comediante Leo Lins, condenado a mais de 8 anos de prisão por piadas feitas em seus shows. Isso mesmo. Por piadas feitas num show de stand-up.

Neste episódio, Francisco Escorsim e Paulo Polzonoff deixam claro desde o início: o objetivo não é discutir os “limites do humor”, e sim entender o que leva uma sociedade a tratar a piada como ofensa e o riso como agressão. E, principalmente, por que o Estado passou a interferir no que se pode ou não dizer num palco.

Nova moral pública

O caso Leo Lins serve de pano de fundo para uma reflexão mais profunda sobre o papel do humor como válvula de escape diante da miséria humana. A piada, defendem Escorsim e Polzonoff, não é uma ferramenta de dominação, mas de sobrevivência. Afinal, se não podemos mais rir das nossas misérias, resta apenas a miséria nua e crua.

Entre uma e outra análise semiótica de piada (inspiradas no quadro “Piada em Debate”, da saudosa TV Pirata), o programa levanta questões desconfortáveis, mas urgentes. Por exemplo: a quem interessa uma sociedade sem riso? E mais: será que a nova moral pública (embalada em discursos de empatia e inclusão) não está apenas disfarçando uma crescente intolerância?

Umberto Eco

Uma das discussões mais provocativas gira em torno do conceito jurídico de animus jocandi — o “direito de zoar”. O programa questiona se ainda há espaço legal e cultural para esse princípio, ou se estamos diante de um novo paradigma no qual toda piada é presumidamente ofensiva.

O “Última Análise” também visita grandes referências, como o romance “O Nome da Rosa”, de Umberto Eco, e o “Sermão da Sexagésima” do Padre Antônio Vieira, aproximando o humor de formas tradicionais de pregação e provocação moral.

Jesus ria?

Com ironia e lucidez, o programa convida o público a refletir: Jesus ria? Podemos ainda fazer piadas em família, no churrasco de domingo? Ou o “tio do pavê” já corre risco de processo?

Num país onde o humorista pode ser preso por contar piadas, e onde a piada é descontextualizada por promotores e tratada como prova criminal, o riso parece estar vivendo seus dias mais sombrios. Mas, como o programa sugere, justamente por isso o humor seja mais necessário do que nunca.

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Cuiaba - MT / 14 de junho de 2025 - 17:40

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