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Cuiaba - MT / 2 de agosto de 2025 - 17:19

ONU divulga vídeo e acusa Israel de disparos contra multidão à espera de comida em Gaza

Um vídeo publicado pelo Ocha, o escritório de ajuda humanitária da ONU, na última quarta-feira (30), mostra uma multidão agachada perto da passagem de Kerem Shalom, na Faixa de Gaza, enquanto espera ajuda humanitária, segundo o órgão. É possível ouvir tiros, que a entidade atribui a soldados de Israel.

“Ninguém deveria ser forçado a arriscar sua vida para comer. Todos os dias, equipes da ONU coletam suprimentos essenciais nas passagens de Gaza, levando-os para aqueles que lutam para sobreviver, mas o traslado costuma atrasar, e multidões desesperadas que se reúnem para pegar são recebidas a tiros”, afirmou o escritório.

Uma funcionária do Ocha que estava no comboio, Olga Cherevko, falou que a equipe se deparou com “dezenas de milhares de pessoas famintas e desesperadas” após enfrentar duas horas e meia de espera em um posto israelense.

“Tropas israelenses estavam disparando a centímetros de uma multidão que esperava um comboio da ONU com comida”, descreve o órgão no vídeo. “À medida que o comboio se aproxima, pessoas famintas correm enquanto os disparos continuam.”

Cherevko afirmou ainda que muitos dos suprimentos são transportados soltos nos caminhões devido ao período limitado para carregá-los, fazendo com que muitos dos pacotes caiam dos veículos. “Estas restrições têm de ser revistas. O acesso precisa ser expandido”, afirmou.

Ao menos uma pessoa foi ferida, de acordo com o Ocha, em um relato que se tornou rotina desde que a FHG (Fundação Humanitária de Gaza), uma organização apoiada por Israel e Estados Unidos, começou a operar no território palestino, no dia 27 de maio deste ano.

A recém-criada entidade substituiu o sistema de entrega de ajuda da ONU em Gaza, que contava com 400 centros, após Gaza ficar sob bloqueio total por 11 semanas. Desde então, Israel levantou parcialmente as restrições no território, mas de forma insuficiente, segundo organizações que atuam na região.

De acordo com estatísticas militares israelenses, uma média de cerca de 140 caminhões de ajuda entraram em Gaza diariamente durante a guerra, cerca de um quarto do que as agências humanitárias internacionais afirmam ser necessário para atender os mais de 2 milhões de habitantes do território.

Nesta sexta (1º), o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos nos Territórios Palestinos afirmou que mais de 1.370 palestinos foram mortos em Gaza durante entregas desde maio. “A maioria desses assassinatos foi cometida pelo Exército israelense”, disse o escritório. “Embora estejamos cientes da presença de outros grupos armados nas mesmas áreas, não temos informações que indiquem seu envolvimento nesses assassinatos.”

Segundo a delegação da ONU, 859 pessoas foram mortas perto das instalações da FHG e 514 ao longo das rotas de transporte de alimentos, e a maioria das vítimas é formada por homens e meninos jovens. “Esses não são meros números”, disse a organização, afirmando que não tem informações que indiquem que as vítimas “participaram diretamente das hostilidades ou representaram uma ameaça às forças de segurança israelenses”.

A FHG afirma que ninguém foi morto em seus pontos de distribuição e que está fazendo um trabalho melhor na proteção das entregas de ajuda do que a ONU. Israel, por sua vez, reconheceu que suas forças mataram palestinos que buscavam ajuda, mas afirmou ter dado novas ordens às suas tropas para aprimorar a resposta.

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Cuiaba - MT / 2 de agosto de 2025 - 17:19

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