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Cuiaba - MT / 2 de junho de 2025 - 8:49

O direito à estupidez: como a extrema direita ganha espaço sem fazer força

A celebração da ignorância é uma estratégia eficaz porque simplifica a vida. Acalma aqueles que foram humilhados e ofendidos. Tira do anonimato vozes que não seriam ouvidas. Encoraja aos que não podem ou não querem compreender as dinâmicas sofisticadas da política.

No já famoso discurso de Bolsonaro na avenida Paulista, em que balbuciou algumas palavras em inglês, e que resultou em milhares de memes e deboches pela esquerda, foi visto como um grande êxito por seus apoiadores.

A extrema direita não tem medo de passar vergonha. O ridículo é uma estratégia que diverte, engaja e transforma “pessoas simples” em vencedores. A estupidez se populariza com mais rapidez, não porque a população é estupida, mas porque toca as pessoas de outra forma.

No caso específico de Bolsonaro, seu discurso pobre nos lembra que falar inglês, no Brasil, é um privilégio para poucos. Ao tomar a palavra e dizer que vai fazer uma “denúncia” para o mundo, mesmo não sabendo inglês, Bolsonaro, além de ser visto como corajoso, de alguma forma vinga todos aqueles que não tiveram acesso ao estudo de idiomas. Causa empatia por grande parte da população que foi excluída historicamente de um ensino de qualidade.

Certamente, anos e anos de uma escola precarizada inverteu a lógica de ascensão social pela educação. A promessa de que o conhecimento formal pode mudar a vida de pessoas perdeu espaço para urgência cotidiana.

Não é mais a leitura e os livros que libertam e trazem estabilidade econômica, mas a visibilidade nas redes sociais com conteúdos simples, superficiais e instantâneos.

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Cuiaba - MT / 2 de junho de 2025 - 8:49

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