Setores industrializados são os mais afetados; Fiemt acompanha o cenário e busca soluções junto à CNI e governo federal
A recente decisão do governo dos Estados Unidos de impor uma tarifa extra de 40% sobre produtos brasileiros, elevando o imposto total para 50%, provocou preocupação imediata na Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt). A medida, oficializada na última quarta-feira (30), pode comprometer significativamente as exportações do estado, sobretudo de produtos industrializados, que representam cerca de 90% das vendas de Mato Grosso ao mercado norte-americano.
Entre os principais itens enviados aos EUA, cinco dos seis mais exportados foram atingidos pela nova alíquota — carne bovina, gelatina, gordura animal (sebo), soja e madeira perfilada. Apenas o ouro ficou de fora da tarifação. Juntos, esses produtos correspondem a 98% do volume exportado pelo estado aos Estados Unidos.
No total, 41 dos 54 produtos exportados por Mato Grosso aos EUA sofreram a incidência da nova tarifa, o que representa 76% do total comercializado com aquele país.
De acordo com dados do Observatório da Indústria da Fiemt, em 2024 o estado exportou US$ 415 milhões para os Estados Unidos. Os produtos agora atingidos pela medida somaram US$ 266 milhões, ou 65% desse montante.
Produtos mais exportados de MT para os EUA:
Carne bovina
Ouro
Gelatina
Gordura animal (sebo)
Soja
Madeira perfilada
A Fiemt avalia que a medida norte-americana é um revés importante para o avanço das relações comerciais entre os dois países e compromete pilares fundamentais como previsibilidade, segurança jurídica e confiança mútua. A entidade reforça que a indústria mato-grossense tem investido na ampliação de sua presença internacional, com foco em sustentabilidade e agregação de valor.
Diante do novo cenário, a Fiemt informou que está mobilizada, atuando em conjunto com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e autoridades do governo brasileiro para buscar alternativas e defender os interesses do setor produtivo estadual.
A análise que embasou os dados foi conduzida com base no Sistema Harmonizado (SH6), por meio do ComexStat, considerando os produtos não tarifados indicados no Anexo I da nota oficial divulgada pela Casa Branca no dia 30 de julho.