Ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que é preciso cautela das autoridades e também da imprensa na divulgação de informações sobre o caso do assassinato do advogado Roberto Zampieri, ocorrido em dezembro de 2023.
Em visita a Cuiabá para participar de um evento na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), o magistrado destacou que “nem tudo o que se divulga é necessariamente verdadeiro”.
Após a morte do advogado, com a realização de perícia em seu celular, começou a se descortinar um esquema de venda de sentenças no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), assim como no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Zampieri teria um contato em Brasília que o auxiliava no esquema, nos casos relacionados ao STJ.
“Os fatos estão sendo investigados. Como se entendeu que poderia haver repercussão na esfera da prerrogativa de foro esse processo foi, a pedido da Procuradoria-Geral, para o Supremo, foi distribuído ao ministro Zanin, que ficará então responsável por conduzir as investigações”, comentou Gilmar Mendes em entrevista à imprensa na manhã de hoje (18).
Com o avanço das investigações no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) houve o afastamento dos desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho, do TJMT.
A Polícia Federal também entrou no caso e apura o suposto envolvimento de ministros do STJ no esquema de Zampieri. No entanto, nada ainda foi provado contra os ministros. Gilmar Mendes disse que é importante que haja cautela na divulgação sobre o caso.
“A partir do próprio CNJ que deu curso a estas investigações, nós estamos interessados no esclarecimento desses fatos. Nem tudo o que se divulga é necessariamente verdadeiro, é preciso ter muita cautela também em relação a essas divulgações (…), isso vale para nós, vale para as autoridades e investigadores, vale para a imprensa, mas o Judiciário está e estará empenhado em esclarecer estes fatos com a [maior] rapidez possível”.
O caso
Roberto Zampieri tinha 56 anos e foi assassinado na noite do dia 05 de dezembro de 2023, na frente de seu escritório localizado no bairro Bosque da Saúde, na capital.
A vítima estava em uma picape Fiat Toro quando foi atingida pelo executor com diversos disparos de arma de fogo. O executor foi preso na cidade de Santa Luzia, região metropolitana de Belo Horizonte (MG).
O mandado de prisão de Antônio Gomes da Silva foi cumprido pela Delegacia de Homicídios da capital mineira em apoio à Polícia Civil de Mato Grosso, que investiga o crime ocorrido contra o advogado.
No dia 22, Hedilerson Fialho Martins Barbosa, membro do Exército e instrutor de tiro, foi apontado como intermediário do crime, sendo responsável por contratar o executor e entregar a arma de fogo.
Coronel do Exército, Etevaldo Luiz Cacadini de Vargas, foi preso no dia manhã de janeiro, em Belo Horizonte (MG), acusado de ser o financiador do crime. O suposto mandante, Aníbal Manoel Laurindo, está solto.
Fonte: Gazeta Digital