A pesquisa traz um eleitorado feminino fragmentado: no total, 24% das mulheres se identificam como de direita, 22% como de esquerda e 16% como de centro. Além disso, 19% disseram já ter tido posição política, mas hoje não se identificam com nenhuma corrente, enquanto 7% nunca tiveram um posicionamento definido. Ainda segundo o levantamento, 5% são de centro-esquerda, 4% de centro-direita e 3% não sabem.
A segurança pública se destaca, de longe, como a principal preocupação das brasileiras: 77% apontam a violência como o maior problema do País na atualidade. O receio com a violência é transversal, mas se manifesta com mais força entre mulheres da classe C (85%) e aquelas identificadas com a direita e centro-direita (89%).
Outro consenso é a defesa da igualdade salarial: 94% acreditam que homens e mulheres devem receber o mesmo salário para funções equivalentes. O apoio a essa pauta é ainda mais forte entre jovens, mulheres pretas, com menor escolaridade e pertencentes às classes C e D/E.
A ampliação da participação feminina na política também aparece como uma demanda comum: 72% concordam plenamente que a representatividade de mulheres em cargos eletivos deve aumentar. Além disso, 77% já votaram em uma candidata e 66% afirmam se sentir representadas por mulheres na política.
“Percebemos que essa é uma causa estratégica capaz de unir mulheres de diferentes espectros ideológicos. A concordância com a maior participação de mulheres na política é superior a 60% em todas as categorias de orientação política. 77% das entrevistadas já votaram em uma mulher e 66% se sentem representadas pelas mulheres na política”, diz o estudo, assinado pela cientista política Camila Rocha e pela cientista social Esther Solano.
O levantamento apontou forte adesão a medidas de saúde e bem-estar feminino. A isenção de impostos sobre produtos como absorventes e coletores menstruais é defendida por 79% das entrevistadas, enquanto 60% apoiam a licença remunerada para mulheres que enfrentam sintomas graves durante a menstruação. No entanto, algumas demonstram preocupação de que essa política possa gerar discriminação no mercado de trabalho.