As chamas que devastaram o Pantanal nos últimos meses, não atingiram apenas a fauna e a flora visíveis a olho nu, mas também afetaram os pequenos insetos essenciais para o bioma: as abelhas.
Na zona rural de Jaciara, 142 km de Cuiabá, 22 apiários — conjunto de colméias instaladas em um local — com mais de 30 mil abelhas cada, foram destruídos pelas queimadas no Pantanal, nesta semana.
Com a destruição de diversas colmeias, o presidente da Associação dos Apicultores do Vale do São Lourenço (Apivale), Mauro Bogado, alertou sobre o impacto na polinização de plantas nativas e na produção de mel, além dos riscos contínuos que os incêndios representam para o bioma.
“Na nossa região, já perdemos mais de 20 colmeias para incêndios anteriores. Ele [fogo] vem dizimando as abelhas e isso afeta diretamente no ambiente delas”, ressaltou.
Queima dos alimentos e contaminação da água
Mato Grosso é o estado do Brasil que mais queimou desde janeiro deste ano e, segundo Mauro, além da destruição de colmeias e apiários, uma das principais consequências é a queima das principais fontes de alimento delas, como o néctar e pólen, que são encontrados nas plantas nativas da região.
Com a destruição dessa vegetação, os insetos morrem de fome.
A contaminação da água causada pelas chamas também é um dos problemas enfrentados por esses pequenos animais, segundo o biólogo Julio Belinki.
Esse desequilíbrio afeta diretamente a sobrevivência das abelhas e prejudica sua função de polinizadoras, o que, por sua vez, compromete a regeneração da vegetação local e afeta todo o ecossistema do Pantanal.
“Com a perda das abelhas, pode acontecer o declínio da polinização, levando a diminuição das sementes de plantas nativas que dependem dessa relação da fauna e flora. Existem relações onde a polinização de uma planta depende exclusivamente das abelhas sem ferrão para realizar o processo de polinização dela”, informou
Como o fogo afeta a capacidade das abelhas de encontrar alimento?
Belinki explicou que as abelhas são insetos que dependem do olfato e visão para se alimentar e orientar no ambiente. Elas usam o olfato para detectar o cheiro das flores e a visão para localizar as plantas através das cores e padrões florais.
Em um cenário de queimadas, esses sentidos são gravemente afetados. A fumaça dificulta a capacidade de detectar odores florais.
Já a fumaça e as cinzas podem escurecer a visão das abelhas, tornando difícil a localização das flores.
Essa combinação de fatores faz com que as abelhas tenham dificuldade em se alimentar, se orientarem e retornarem às colmeias, comprometendo seriamente sua sobrevivência.
Abelhas não conseguem fugir do fogo?
A maioria das espécies fazem as colmeias em troncos de árvores, que acabam sendo queimados com toda a colméia e os seus indivíduos. A zootecnista, Kárita Lira, explicou como a fidelidade às abelhas rainhas podem levar toda a população à morte durante as queimadas.
Muitos acreditam que elas conseguiriam fugir do fogo, mas as abelhas rainhas não conseguem voar e as operárias as acompanham até a morte.
Então, com a queimada, há perda total de várias colmeias, disse Kárita
As abelhas são organizadas em sociedade, conhecida como ‘eusociedade’, por uma hierarquia definida. As abelhas rainhas são fisio gástricas e não possuem capacidade de voar e as operárias as acompanham até a morte. A colmeia mãe e a colmeia filha são dependentes, então com a queimada, há perda total de várias colmeias.
Fonte: Redação G1-MT