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Cuiaba - MT / 21 de junho de 2025 - 10:40

É preciso criar mercado de uso de livros para IA, afirma diretora da HarperCollins

A executiva italiana Chantal Restivo-Alessi, diretora digital e de línguas internacionais da HarperCollins, veio ao Rio de Janeiro para a Bienal do Livro e diz enxergar boas oportunidades no mercado brasileiro —afirma achar, por exemplo, que os audiolivros vão decolar de um jeito que os ebooks nunca conseguiram por aqui.

“Você consegue adicionar muito valor com o áudio, fazer um produto muito diferente do livro impresso”, afirma a diretora do conglomerado global em entrevista à coluna durante o evento carioca.

Para ela, é uma questão de expandir a oferta e a facilidade com que os consumidores acessam esse tipo de produto, tornando mais intuitivo que deem o salto do podcast, a que já estão acostumados em seus celulares, para o livro mais longo.

“O ebook era um produto substituto ao impresso, no fim das contas, que funciona muito bem para alguns gêneros”, aponta a executiva. “Mas ouvir Viola Davis lendo sua própria história é uma experiência única. Você tem a oportunidade, se for esperto, de oferecer aos consumidores diferentes experiências em torno da mesma história.”

Atenta às transformações mais recentes do mercado, Restivo-Alessi defendeu a decisão da HarperCollins de fechar acordo com empresas de tecnologia para que parte dos livros do grupo editorial —um dos cinco maiores do mundo— possam ser usados para treinar modelos de inteligência artificial.

“Estamos aqui para defender os direitos dos autores, obviamente, mas enquanto defendemos esses direitos, temos que atribuir valor a eles”, afirma ela.

No acordo voltado principalmente a obras de não ficção, a HarperCollins elabora um contrato separado prevendo remuneração direta aos autores e o uso de uma quantidade controlada de texto dos livros por um prazo de três anos —ou seja, o uso não é indiscriminado e os livros não podem ser totalmente reproduzidos por essas empresas.

“É preciso criar um mercado, porque se você não fizer isso, justifica o argumento dessas empresas, de que precisam usar tudo o que puderem encontrar [na internet] porque não há mercado”, afirma. “Há jeitos de fazer acordos para dizer que [as empresas de tecnologia] não precisam roubar, basicamente. Se você não cria um mercado com oportunidade de negócios, você dá a elas uma desculpa.”

Há uma vertente desse debate que rejeita firmar esse tipo de contrato, no qual a HarperCollins tomou a linha de frente mundial, dizendo as empresas de inteligência artificial não deveriam poder se alimentar de conteúdos editoriais protegidos por direitos autorais.

“Como dizem nos Estados Unidos, o gato já saiu da caixa”, afirma a italiana. “Isso já está aqui, é uma realidade. Eu tenho certeza de que você usa ChatGPT, eu uso essa e outras ferramentas. E essas empresas são enormes, têm financiamento gigantesco. Não é como se não pudessem pagar. Então por que não deveriam?”

Algo que a executiva sublinha é que a HarperCollins sempre pergunta expressamente aos autores se eles topam entrar no contrato ou não. “Muitos dizem ser contra esse tipo de treinamento. Tudo bem, é uma decisão que você pode tomar. Mas se sua obra está sendo usada para treinamento, achamos que você deve ser pago por isso.”


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Cuiaba - MT / 21 de junho de 2025 - 10:40

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