Anúncio

Cuiaba - MT / 27 de julho de 2025 - 7:29

A doença de Trump: o que é a insuficiência venosa crônica e como ela pode ser tratada

Na semana passada, o médico oficial da Casa Branca emitiu uma nota informando que Donald Trump sofre de uma doença chamada insuficiência venosa crônica.

O principal sinal de que algo estava errado era o inchaço nas pernas do mandatário americano. Apesar disso, aos 79 anos “o presidente Trump continua com saúde excelente”, afirmou o médico, Sean Barbabella, que utilizou métodos como a ultrassonografia venosa para chegar ao diagnóstico.

O especialista disse que a doença é benigna e comum, e que no caso de Trump o inchaço foi leve. Não foram detectados sinais de coágulos ou doença arterial, problemas mais sérios às vezes associados à insuficiência.

Trump também passou por ecocardiograma e testes sanguíneos, com resultados normais indicando saúde do coração e dos rins.

Barbabella comentou também preocupações sobre uma mancha que o presidente tem nas costas da mão e parece um hematoma. “Isso é consistente com uma irritação menor dos tecidos macios por causa de apertos de mão frequentes e por causa do uso da aspirina”, afirmou. Trump toma aspirina como um tratamento preventivo comum para problemas cardiovasculares.

O dia a dia do presidente pode ser alterado pela doença por causa do desconforto. Em um questionário com 2.200 afetados com média de idade de 60 anos, feito pelo Programa Nacional de Triagem Venosa dos EUA em 2008, metade relatou dor moderada a severa nos tornozelos e pernas. Mais de 40% relataram dificuldade de ficar em pé por longos períodos ou de agachar. Um terço tinha dificuldade de subir escadas, trabalhar, fazer tarefas domésticas, andar rápido ou fazer exercícios mais pesados. O sono também foi prejudicado.

A expectativa, portanto, é que o presidente faça mais aparições públicas sentado, a depender do quadro.

O que é insuficiência venosa crônica (IVC)?

A IVC, que afeta um em cada 20 adultos, consiste na dificuldade das veias das pernas em empurrar o sangue de volta ao coração. Por isso, o sangue se acumula nas canelas, formando manchas visíveis na pele. Os fatores de risco mais importantes são a idade, a obesidade e histórico familiar.

As veias das pernas são classificadas em duas categorias: as superficiais, que carregam o sangue entre a pele e os músculos, e as profundas, que se localizam dentro dos músculos e transportam 85% do volume de sangue. A IVC geralmente afeta somente as superficiais.

As causas da insuficiência ainda estão sendo estudadas, mas as principais suspeitas apontam para uma incompetência das válvulas dentro das veias, que deveriam se fechar para evitar que o sangue desça (refluxo), além de inflamação na parede da veia, fatores da fluidez do sangue e pressão alta venosa.

As informações são de uma revisão científica de 2017 escrita por Bettina Santler e Tobias Goerge, do Hospital Universitário de Münster, Alemanha. “Apesar de grandes avanços terapêuticos, ainda não há intervenção que possa prevenir definitivamente a recorrência da doença venosa crônica”, declararam os especialistas.

Como é feito o diagnóstico da IVC?

Pacientes com insuficiência venosa crônica costumam sentir que suas pernas estão pesadas. O inchaço nas canelas geralmente aparece ou piora à noite. Eles podem sentir coceira, dor, ardência e cãibra noturna nas pernas. Esticada, a pele das canelas fica frágil e avermelhada, o que exige a aplicação de hidratante para evitar escaras. Geralmente, é possível ver pequenas veias que parecem teia de aranha na região do tornozelo.

Sem tratamento, a doença leva ao aparecimento de varizes ou veias varicosas com mais de três milímetros de diâmetro. Este é o segundo estágio da IVC . O quadro mais avançado envolve a piora das varizes, que podem apresentar edema, além de mais lesões da pele e até úlcera venosa, uma ferida aberta que é o estágio mais avançado da IVC. Um em cada cem pacientes atinge esse ponto. 

Como tratar a doença?

O uso de meias de compressão é salutar, para evitar que o sangue fique empoçado nas pernas. Elas também ajuda os músculos a mandarem o sangue para cima ao se contraírem na caminhada.

Outros tratamentos iniciais envolvem fisioterapia, drenagem manual dos vasos linfáticos, medicamentos flebotônicos (que melhoram o tônus das veias) como a Diosmina. Também existem técnicas a laser e que usam o calor gerado por ondas de rádio para destruir o tecido anormal.

Se necessário, há tratamentos mais invasivos, como a injeção de um líquido na veia, conhecida como “escleroterapia”, e as cirurgias. As intervenções cirúrgicas servem para remover as veias incompetentes ou isolar a fonte do refluxo do resto do sistema vascular.

Em uma revisão de 2022 publicada pelo Journal of Wound Care, Julian Azar, da Faculdade de Medicina Donald e Barbara Zucker em Hempstead, estado de Nova York, e seus dois coautores médicos afirmaram que a evolução do quadro depende principalmente da adesão dos pacientes à terapia de compressão. Os pacientes reclamam principalmente de dificuldade de vestir ou remover as meias especiais. Quanto à úlcera venosa, “a intervenção precoce com tratamentos cirúrgicos pode reduzir a ocorrência e aumentar a taxa de melhora das feridas”, afirmaram os autores.

Segundo a Clínica Cleveland, respeitada instituição médica americana, a maioria dos pacientes com IVC tem um alívio dos sintomas e uma melhora na qualidade de vida após o tratamento. Em poucos dias, eles retornam normalmente às suas atividades diárias, especialmente quando aplicaram as intervenções para evitar a evolução do quadro para estágios mais graves — as úlceras têm uma alta taxa de recorrência. Como é uma doença crônica, a vigilância deve permanecer, assim como as medidas preventivas como a compressão.

VEJA TAMBÉM:

Facebook
Twitter
WhatsApp
Telegram
Anúncio

Cuiaba - MT / 27 de julho de 2025 - 7:29

LEIA MAIS