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Cuiaba - MT / 15 de agosto de 2025 - 9:35

Cientistas: asteroide pode atingir a Lua e lançar fragmentos na direção da Terra

Primeiro, a boa notícia: por ora, o temido asteroide 2024 YR4 não vai atingir a Terra. Cientistas da Nasa fizeram uma atualização nos dados de trajetória e praticamente descartaram qualquer possibilidade de o corpo celeste se chocar contra o planeta neste e no próximo século.

Agora, a má notícia: os novos cálculos mostraram que o asteroide pode atingir a Lua em dezembro de 2032. E, segundo pesquisadores canadenses, esse impacto pode trazer consequências para o planeta.

O que é o 2024 YR4

A preocupação dos astrônomos com o 2024 YR4 começou após sua descoberta, em dezembro do ano passado, por um telescópio financiado pela Nasa no observatório chileno de Rio Hurtado. O asteroide fez uma grande aproximação da Terra durante o Natal e chamou a atenção da comunidade científica.

As observações mais recentes indicam que o 2024 YR4 pode ter um tamanho entre 53 e 67 metros de comprimento, o equivalente a um edifício de 20 andares.

Com base nos dados iniciais, a Nasa estimou uma chance de 3,1% de impacto com o planeta — uma porcentagem considerada alta nesse tipo de cálculo. A Agência Espacial Europeia (ESA) chegou a estimar o risco em 2,8%. Os cientistas começaram a indicar que, com base nessa porcentagem, o asteroide 2024 YR4 poderia atingir a Terra até 2032.

Asteroide Lua Terra NasaA linha formada pelos pontos em amarelo mostra a chamada área de incerteza do asteroide YR4 quando foram feitos os primeiros cálculos pelos cientistas da Nasa. (Foto: Centro de Estudos da Nasa para Objetos Próximos à Terra )

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Risco de impacto de asteroide com a Lua foi de 0,8% para 4,3%

No início do ano, o Centro de Estudos da Nasa para Objetos Próximos à Terra (CNEOS, na sigla em inglês) estimava que a chance de o YR4 colidir com a Lua era bem menor: de 0,8%. Este número é resultado de uma série de cálculos feitos com base em dados obtidos por telescópios instalados em observatórios e processados pela agência espacial norte-americana. Fatores externos como a lua cheia, que deixa o céu mais claro, impactam nas contas dos cientistas.

Agora, de acordo com a Nasa, o asteroide está muito longe da Terra para ser observado pelos equipamentos em solo. Mas dados obtidos pelo telescópio espacial James Webb, que além de ser mais potente é imune a uma série de interferências que afetam os observatórios terrestres, mostram que a trajetória da órbita do YR4 tem agora 4,3% de coincidir com a Lua em dezembro de 2032.

Asteroide Terra Lua NasaOs cálculos mais recentes reduziram a área de incerteza do asteroide YR4, afastando totalmente a possibilidade de impacto com a Terra mas aumentando a chance de um contato com a Lua. (Foto: Centro de Estudos da Nasa para Objetos Próximos à Terra )

Asteroide que pode estar em rota de colisão com a Lua tem tamanho de prédio de 20 andares

Os primeiros dados obtidos no início de 2025 davam conta de que o YR4 poderia ser ainda maior, com até 90 metros de comprimento – a diferença, explicam os cientistas, se dá por conta do tipo de medição utilizada.

O asteroide foi classificado com um índice de risco 3 em uma escala de impacto utilizada pela Nasa que vai de 0 a 10. Nesse nível, o objeto celeste é considerado como ponto de atenção pelo risco de destruição localizada no potencial ponto de impacto. Nos níveis mais altos, de 8 a 10, os especialistas apontam riscos elevados de destruição sem precedentes provocadas pela queda em si e por eventuais tsunamis em casos de impacto com os oceanos.

No pior cenário, há o “risco de uma catástrofe climática global capaz de ameaçar o futuro da civilização humana como a conhecemos”. Estes casos, porém, ocorrem uma vez a cada 100 mil anos, segundo as contas da escala Torino, utilizada pela Nasa.

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Nasa aponta que possível impacto não trará grandes consequências à Lua ou à Terra

O asteroide segue em sua órbita em torno do sol e agora está fora do alcance até mesmo dos telescópios espaciais mais poderosos. A expectativa dos cientistas é que o YR4 volte a se aproximar da Terra por volta de 2028, quando será possível atualizar novamente os dados de sua trajetória.

Para os especialistas, mesmo que o asteroide atinja a Lua, em 2032, não devem ser observadas grandes consequências, como a mudança de trajetória do satélite. Se isso acontecesse, traria impactos gigantescos na vida na Terra, uma vez que alterações simples na órbita da Lua mexeriam com as marés e, de forma secundária, no clima e na vida do planeta como um todo.

Estudo prevê possíveis fragmentos atingindo a Terra

Apesar do otimismo da Nasa, um estudo de pesquisadores canadenses estima que os fragmentos gerados pela explosão podem chegar à Terra. Em um estudo publicado em junho deste ano, cientistas da Universidade de Ontário Ocidental e da Universidade Athabasca estimaram que, a depender do local do impacto na Lua, entre 1.000 e 10.000 toneladas de detritos podem ser lançadas em direção à Terra.

A maior parte dos fragmentos, por serem menores, tende a se desintegrar ao entrar na atmosfera. Alguns deles também podem simplesmente entrar na órbita da Terra em vez de chegarem ao solo. Por isso, em princípio, o maior risco é que esse material atinja satélites na órbita da Terra e prejudique a comunicação no planeta. A projeção dos pesquisadores é de que centenas, e até milhares de colisões desse tipo ocorram caso o asteroide atinja a Lua.

“Nossa análise destaca que as questões de defesa planetária vão além dos efeitos de impactos na superfície da Terra. Impactos na Lua podem gerar partículas que interferem em satélites que orbitam em baixa altitude terrestre”, afirmam os cientistas.

Os pesquisadores também dizem que um impacto dessa magnitude é um evento raro. “Se o YR4 atingir a Lua em 2032, vai ser (estatisticamente falando) o maior impacto em aproximadamente 5.000 anos”, diz o relatório. Ainda segundo o estudo, a colisão deve causar uma cratera de aproximadamente um quilômetro de diâmetro na Lua.

A Nasa informou que, caso não se choque com a Lua, o asteroide voltará a se aproximar do nosso planeta novamente em 2052. Quando isso ocorrer, o objeto será afetado pela gravidade da Terra, o que pode alterar sua órbita. Essa incerteza obriga os astrônomos a continuar os estudos e simulações de longo prazo.

Nasa mantém sistema Sentinela para monitorar risco de impactos

Apesar de todas as observações e dos cálculos de risco, o asteroide YR4 ainda não entrou no sistema Sentinela de Monitoramento de Impacto Terrestre da Nasa. Este sistema é altamente automatizado e examina continuamente um catálogo atualizado de asteroides busca de possibilidades de impacto futuro com a Terra nos próximos 100 anos.

De acordo com o Sentinela da Nasa, um dos objetos com maior risco real de impacto com a Terra é o asteroide 2010 RF12. Ele foi observado inicialmente em setembro de 2010 e passou por análises de 339 observações até agosto de 2022. O objeto, de massa estimada em 480 toneladas, tem 10% de acertar a Terra em setembro de 2095, chegando a mais de 44 mil km/h na atmosfera terrestre.

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Cuiaba - MT / 15 de agosto de 2025 - 9:35

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