Depois de dois anos de muitas controvérsias, a jornalista Daniela Lima foi demitida da GloboNews. Tem gente por aí dizendo que já é efeito da Lei Magnitsky. Há quem comemore a demissão a moça como um sinal de que os ventos estão mudando. Se a demissão de uma colega tem ou não a ver com uma mudança de ares eu não sei, não faço a menor ideia. Mas quero aproveitar o ensejo e a animação do leitor para falar de um aspecto essencial a essa notícia que é uma notícia de queda: a vanglória.
Tenho pensado muito nela (na vanglória, não na Daniela Lima) por causa da leitura de “Metrópole à Beira-Mar”, de Ruy Castro. O Ruy Castro pode ter todos os defeitos do mundo, mas sabe como ninguém retratar períodos históricos e pessoas interessantes. E, em “Metrópole à Beira-Mar”, livro sobre o Rio de Janeiro da belle époque, não sei se intencionalmente ou não, Ruy Castro acaba por expor ao ridículo a busca pela glória mundana ao enfileirar nomes e mais nomes de gênios dos quais poucos ouviram falar.
É cilada, Bino!
Isto é, de gente que brilhou, brigou, maldisse, traiu, sofreu derrotas, celebrou vitórias e alimentou ressentimentos – para, cem anos mais tarde, cair no esquecimento. No oblívio, como diria um poeta parnasiano de cujo nome não me lembro. E é exatamente isso o que vai acontecer a todos nós que brilhamos, brigamos, maldizemos, traímos, sofremos derrotas, celebramos vitórias e alimentamos ressentimentos nas redes sociais em busca da vanglória: cairemos no esquecimento, na irrelevância de nossas mesquinharias cotidianas.
Para além das reprováveis expressões de júbilo perverso pela queda da moça, pois, eis o que se pode aprender com a demissão de Daniela Lima: não se deixe levar pela brilho falso da glória mundana, a glória vã, a vanglória. Aplausos são bons, promoções são ótimas, aumentos de salário, melhores ainda. Prêmios, repercussão, likes, memes. Elogios, sinceros ou não; fama, sensação de relevância no debate público. Orgulho de ter contato com o poder. Tudo isso é muito legal e tal, mas não faz muita diferença quando o sentido da vida da pessoa é satisfazer uma necessidade inesgotável de ser amada pelos outros. Acredite no que o tio aqui diz: parece uma oportunidade de ouro, mas é cilada, Bino!