Aconteceu, virou manchete. Alexandre de Moraes foi sancionado pela Lei Magnitsky. Um feito inédito para o Judiciário brasileiro. Você que estava aí na expectativa, solte esse grito preso na garganta, MAIS com muito respeito. “Aha, uhu, a Magnitsky é nossa! Aha, uhu, a Magnitsky é nossa!”, “Eu, eu, eu, Alexandre de Moraes se—— foi sancionado pela Magnitsky!”, gritam as torcidas no estádio. Que estádio? Que torcida? Sei lá! Tô empolgado. Me deixa.
O que isso muda? Sei lá também. Talvez mude tudo. Provavelmente não mudará nada. Mas não serei eu a jogar um balde d’água fria na galera eufórica da qual também faço parte no momento. Imaginemos, pois. Imaginemos às pampas! Imaginemos que a aplicação da Lei Magnitsky seja mesmo tudo isso que estão falando dela. Que Alexandre de Moraes se—— não vai poder ter conta em banco, usar cartão de crédito, essas coisas. Imaginemos, enquanto imaginar não é crime, que Alexandre de Moraes agora está na rua da amargura.
Pontapé no——
Nah! Imaginemos, mesmo que nossa imaginação não tenha absolutamente nenhum respaldo na realidade, que agora a caquistocracia que nos governa vai finalmente perceber o tamanho do estrago que é se associar a Alexandre de Moraes. Só agora? Que seja. Agora. Porque agora vai, agora foi, agora já era! Imaginemos o Senado agindo como Senado e dando um pontapé no—— inicial no processo de impeachment. Apreciemos a queda daquele que, nos últimos anos, proferiu os maiores absurdos do alto da sua supostamente inexpugnável torre de arrogância.
“Ah, mas a partir de agora a ditadura vai recrudescer!”, dirá alguém, arrotando sensatez. É possível. Não duvido nada. Afinal, estamos falando de um homem encurralado pela Lei Magnitsky e pressionado por ninguém menos do que o homem mais poderoso do mundo, Donald Trump, e seu fiel escudeiro Marco Rubio. Se Bolsonaro for preso nas próximas horas, portanto, não fique triste. Afinal, Alexandre de Moraes foi sancionado com a Lei Magnitsky. (Rimou e era para rimar!).
Choro e ranger de dentes
Aliás, quero aproveitar a festa, ops, péra aí que engoli um confete aqui, alalaô-ôôô-ôôô, Xandão sancionadô-ôôô-ôôô, para pedir desculpas a Eduardo Bolsonaro por ter criticado o passeio dele na Disney! Hoje (só hoje) Eduardo Bolsonaro é um gênio, mesmo que não seja, mesmo que a partir de agora tudo dê errado (toc, toc, toc), mesmo não concordando, mesmo que… Eduardo Bolsonaro fez o que David Luiz não conseguiu na Copa de 2014: deu um pouco de alegria ao povo brasileiro (vou chorar). Eduardo Bolsonaro, hoje eu queria dar um beijo na sua careca—— not!
É isso, pessoal. Hoje fico por aqui nesta crônica que, mais do que um argumento ou uma ficção, é uma catártica bateria de rojões ecoando pelo universo. Porque alguma justiça foi feita e a pipoca acabou de estourar. Vou lá acompanhar os desdobramentos dessa história, a palavra dos técnicos, as mesas-redondas com os especialistas e principalmente o choro e o ranger de dentes nos estúdios da —— Eu tô que tô legal/ Na tela da TV no meio desse povo/ a gente vai se ver.
