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Cuiaba - MT / 27 de julho de 2025 - 7:59

O melhor investimento é o que você aguenta

Tem gente que só dirige carro automático. Outros juram que manual é mais seguro e dá mais controle. Uns vão de moto, outros, de bicicleta elétrica. E todos chegam ao destino, desde que escolham a rota adequada ao veículo.

Essa metáfora sobre trânsito resume bem um dos maiores equívocos no mundo dos investimentos: acreditar que existe uma única rota ideal para todos. Como disse Sêneca, “não há vento favorável para quem não sabe aonde vai”. E a direção a seguir depende de quem segura o volante.

Quando estamos no lado comprador, cercados por pessoas que fazem escolhas semelhantes às nossas, é comum desenvolvermos uma convicção quase religiosa sobre a nossa estratégia. Quem investe em ações ouve podcasts de ações, segue analistas de ações e conversa com amigos que gostam de ações. O mesmo vale para quem prefere imóveis ou renda fixa. O algoritmo das redes sociais reforça isso, criando bolhas de confirmação. E, quando aparece alguém com uma visão diferente, a reação costuma ser imediata: “Essa pessoa está mal informada” ou “só pode estar vendendo algo”.

Passei metade da minha carreira no lado comprador, montando e gerindo carteiras. Nos últimos 13 anos, porém, estive no lado vendedor, atendendo clientes com perfis e convicções muito diferentes. E aprendi que, mesmo que eu ache que uma estratégia seja mais eficiente ou sofisticada, isso não significa que ela seja a melhor para todos.

Meu papel não é impor convicções, mas orientar. Ninguém é dono da verdade. É nossa obrigação explicar riscos e alternativas, mas respeitar o caminho que faz mais sentido para cada um.

Recentemente, um cliente pediu que eu montasse uma carteira 100% em FIIs para a mãe, que havia vendido um terreno. Sugeri alternativas e apontei os riscos, mas ele estava convicto. Respeitei sua decisão e montei a carteira com os cuidados possíveis dentro daquela estratégia.

Esse tipo de situação é mais comum do que se imagina. Segundo a B3, 34% das pessoas físicas que investem na Bolsa têm posição em FIIs. E uma pesquisa da Anbima mostrou que 92% dos brasileiros, se pudessem escolher apenas um tipo de investimento, optariam por imóveis. Não por acaso: imóveis transmitem segurança, são tangíveis e fazem parte do imaginário financeiro do brasileiro há gerações.

Ao falar sobre estratégias ou produtos, recebo reações variadas. Algumas são de curiosidade. Outras, de frustração. Mas esta é a função de um educador financeiro: mostrar como diferentes produtos podem ser úteis em diferentes contextos e que uma estratégia só é boa se for aderente ao perfil de quem a aplica.

Warren Buffett já afirmou que o maior erro de muitos investidores é tentar copiar estratégias que não combinam com seu temperamento. Uns adoram a adrenalina da Bolsa, acompanham balanços, celebram dividendos e se motivam a poupar mais. Outros preferem a previsibilidade do CDI. Há ainda quem compre imóveis com alavancagem via consórcio para acelerar a construção patrimonial. Quem está mais certo?

O melhor investimento ou estratégia não é o mais sofisticado. É o que o investidor consegue seguir com disciplina e confiança. É aquele que respeita seus medos e alimenta seus sonhos. Portanto, ache aquele que te motiva e o persiga.


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Cuiaba - MT / 27 de julho de 2025 - 7:59

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