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Cuiaba - MT / 30 de julho de 2025 - 14:18

“Apocalipse nos Trópicos”, de Petra Costa, é horrível

O novo documentário de Petra Costa, aquela do “Democracia em Vertigem”, foi lançado nos cinemas esta semana e estreará na Netflix no dia 14 de julho. Intitulado “Apocalipse nos Trópicos”, o filme trata do crescimento do protestantismo (evangélicos, para os íntimos) no Brasil, bem como os impactos disso na sociedade e na política. E é horrível.

Cheguei a esta conclusão confessadamente preconceituosa antes mesmo de assistir ao trailer. Uma conclusão a que você, aposto, também já chegou. Caso você se dê ao trabalho de ir ao cinema e decida pagar para assistir a “Apocalipse nos Trópicos”, porém, tenho certeza de que será para entrar na sala de exibição com a expectativa de assistir a um filme horrível, chato e sobretudo proselitista. “Sobrevivi a 1h50 de discurso esquerdista insuportável”, dirá você todo orgulhoso na saída. Acertei?

(Ei, não é por nada, não. Mas você está com um milho de pipoca no meio do dente. Aqui, ó. Não. Para direita. Mais pra direita. Maaaais. Pra extrema direita. Aí. Saiu).

Por que o filme de Petra Costa é ruim?

E por que isso acontece? Um pouco porque a gente não está disposto a ouvir o que o outro lado tem a dizer. Deusolivre perder meu tempo com uma porcaria dessas! Tenho mais o que fazer. E não estou lhe dando lição de moral, não. Também sou assim e pioro à medida que envelheço. Sensação de que a vida é curta demais. Além disso, “o que é que isso agrega?”, como pergunta minha mulher quando a convido para assistir a “Casamento às Cegas” comigo. Digo, futebol, futebol.

Mas talvez seja pior ainda. Não precisamos nem assistir a “Apocalipse nos Trópicos” para saber que o documentário é ruim, horrível, péssimo porque partimos sempre dos pressupostos de que o outro lado é um lado isolado, sem quaisquer intersecções com o nosso; e de que outro lado só diz mentiras, está mal-intencionado e é hipócrita antes mesmo de abrir a boca. Outro tanto é porque esses pressupostos tendem mesmo a ser verdade.

Você assistiu ao menos ao trailer?

De qualquer modo, assisti, sim, ao trailer do documentário. Ah, não acredito. É a própria Petra Petra Petrinha na narração ao estilo Rivotril 2mg? “Essa cidade [Brasília] foi desenhada como uma visão do futuro do Brasil. E o cimento que a manteria de pé era uma fé”, começa ela. Zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz. Depois vem o Lula dizendo que “o que levou o socialismo ao fracasso foi a negação da religião”. Tom compungido. De autocrítica sábia. Alguém acredita nesse Lula com ar de intelectual? Aí corta para Silas Malafaia dando de dedo e dizendo que “a democracia é a vontade da maioria absoluta”. Pffff.

Em seguida, aparece o Alexandre de Moraes se achando genial ao dizer que “liberdade de expressão não é liberdade de agressão”. Essa é nova, hein! E até rimou. “Democracia não é anarquia”, continua ele. Gênio, nada menos do que gênio. Aí vêm as cenas de caos, cenas do 8 de janeiro, oh, que apocalipse!, e cenas feitas com drones, muitas cenas feitas com drones, claro, tem que ter. Cena com drone é um must. E só pelo trailer dá para deduzir que, para a esquerda, a “novidade” da mistura entre religião e política é uma ameaça. Logo, está na hora de acabar com a religião.

Existe alguma chance de o filme ser bom?

Aí é que está. Se o trailer já basta para confirmar meus maiores preconceitos, que dizer das reações entusiasmadas de quem não só sobreviveu às quase duas horas de falação como também amou essa obra-prima do soporífero imagético involuntário? Que dizer das críticas elogiosas que não li nem vou ler? Aliás, essa coisa de amar documentário é esquisita. Mas tem gente que ama. Tem gente que torce, já reparou? Mas isso é assunto para outro dia.

O fato é que não, não existe a menor chance de “Apocalipse nos Trópicos”, de Petra Costa, ser bom. A não ser que você seja “do contra”. Um tanto porque não é mesmo, te garanto. Outro tanto porque, quando a gente decide de antemão não gostar de uma coisa, seja por isso ou por aquilo, principalmente por aquilo, e ainda mais quando tem política no meio…. aí, meu amigo, não há santo que nos faça mudar de ideia.

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Cuiaba - MT / 30 de julho de 2025 - 14:18

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