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Cuiaba - MT / 4 de julho de 2025 - 10:34

Os jumentos estão em extinção!

Se você entrou neste texto para ler uma série de referências aos jumentos humanos, sobretudo os que fizeram o L, fez bem. Aguarde e confie. Agora, se você entrou neste texto para saber mais sobre a extinção do jumento animal… fez bem também. Porque parece que o simpático e outrora útil asinino periga desaparecer mesmo. E se você não sabe, o jumento é o burro, é o jegue, é o asno. Só não é a mula, que é outra coisa.

E eu que pensava que o problema era justamente o oposto: a superpopulação de jumentos. Principalmente depois da eleição de 2022. Minto. Foi quando vi um monte de direitista/conservador apoiar Pablo Marçal em 2024. Minto. Foi semana passada, quando Boulos propôs que a esquerda se unisse para pedir mais imposto. É nessa hora que tiro da caixola (ai, que burro!, dá zero pra ele!) o aforismo bobinho do Nelson Rodrigues, que parafraseio: “Os jumentos vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos”.

Burro, para os íntimos

Se bem que não sei se acredito muito nessa coisa de extinção-extinção do Equus africanus asinus, para os biólogos. Burro, para os íntimos. Jegue, para os nordestinos. Asno, para quem busca um sinônimo. Desde que me entendo por gente, por exemplo, dizem que a araucária corre o risco de extinção. Sem falar no mico-leão-dourado e na ararinha-azul. Outro dia li que a banana (a banana!) poderia ser extinta. Sorte que esta Gazeta do Povo esclareceu: era um alarme falso de mais de 20 anos atrás. Por isso é que, ao contrário do jumento, a banana segue firme e forte, com mais de 500 variedades. Que beleza!

Por falar nisso, você sabe que jumento é sinônimo de “estúpido”, né? Ah, que pergunta a minha. Claro que você sabe. Você não é burro. Pois então. Estava aqui pensando no porquê dessa associação e não é pela capacidade cognitiva do asno – que, como todo animal (exceto, talvez, pelo panda) sabe muito bem o que fazer para sobreviver. A associação se dá justamente pela teimosia, que é uma mistura de incapacidade de obedecer, de mudar de ideia, de aceitar fatos que contrariam sua vontade instintiva, etc.

Viu? Viu?

De acordo com dados da FAO, IBGE (aquele do Pochmann, que ironia!) e Agrostat, os jumentos no Brasil eram 1,37 milhão 1999; hoje são apenas 78 mil. Viu? Viu? Como você explica a eleição do Lula agora? E o motivo para o abate em larga escala seria o uso da pele dos asnos na fabricação do ejiao (R$150/100g). Quem consome o tal do ejiao? Chineses. Para quê? Para o “aumento da vitalidade”. Ou seja, o bicho é morto para virar afrodisíaco. Ou seja, por causa da burrice de uns. Ou seja, daqui a alguns anos é bem capaz de termos de ir a um zoológico para admirarmos um simples jumentinho. Ou seja.

Associamos o jumento à teimosia orgulhosa, à estupidez e ao petismo incorrigível. No entanto, é no lombo de um jumento que José e Maria fogem para o Egito. Assim como é sobre um jumento que Jesus entra em Jerusalém. Porque o burro, com aqueles olhões melancólicos dele, também é sinônimo de humildade, modéstia e pobreza, e nesse sentido não são nada burros os asininos bíblicos. Mas é melhor parar por aqui, antes que eu diga mais asneiras.

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Cuiaba - MT / 4 de julho de 2025 - 10:34

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