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Cuiaba - MT / 24 de junho de 2025 - 16:34

Alexandre de Moraes decide que é o novo imortal da Academia Brasileira de Letras

Levei um susto. Há algumas semanas, escrevi um texto de ficção, claramente de ficção, obviamente de ficção, em que Tiririca era eleito membro da Academia Brasileira de Letras. Também. Depois de Paulo Coelho, Gilberto Gil, Fernanda Montenegro e… Miriam Leitão, era só o que faltava. E, na minha imaginação, não faltava mais. A IA até me ajudou a pôr o fardão no deputado, coitado.

O texto fez bastante sucesso, graças a Deus. Como vivemos num tempo literal demais, contudo, muita gente achou que fosse verdade. Que a Academia Brasileira de Letras realmente tinha acolhido no seu douto seio o deputado Tiririca. Até uma agência de checagem entrou na jogada para dizer que não era nada daquilo. E eu fiquei só na moita, com medo de levar uma bronca do chefe. A bronca não veio.

Um imortal morre (sic)

Mas, se viesse, eu tinha um argumento na ponta da língua: a crença de que uma instituição como a Academia Brasileira de Letras pode ter entre seus membros o autor de “Florentina” diz muito sobre o carinho (sim, carinho!) e apreço (sim, apreço!) que as pessoas nutrem pela ABL, tida como uma espécie de “guardiã da alta cultura literária brasileira” – algo que ela nunca foi. Se a ABL não percebe ou não está nem aí para sua imagem, o que é que eu posso fazer?

Desde então, porém, convivo com o inevitável: sempre que um imortal morre (sic), me perguntam quem vou colocar na Academia Brasileira de Letras. Por falar nisso, a ABL está com mais uma vaga aberta depois do falecimento do jornalista e escritor Cícero Sandroni, aos 90 anos. É o segundo imortal a falecer (sic) desde que Miriam Leitão sentou-se na cadeira antes ocupada por Cacá Diegues.

Piada repetida

Claro que cogitei a possibilidade de repetir a piada. Cogitei, mas não fui adiante porque pior do que piada repetida somente piada explicada, comentada e negada por agência de checagem. No mais, quem poderia representar a decadência estética e intelectual da ABL? Lula seria óbvio demais, além de ser uma possibilidade bastante real, dado o histórico da Academia. Getúlio, Sarney e FHC que o digam. Janja? Seria divertido, e mais ainda se ela virasse imortal pela qualidade de seus diários. Caetano? Outra obviedade. Zé Dirceu? Algum autor desses livros para colorir que estão na moda?

Enquanto pensava, me ocorreu uma ideia. Talvez um texto com Alexandre de Moraes decidindo monocraticamente que a Cadeira Número 6 da ABL lhe pertence… Imagina só o título: “Alexandre de Moraes decide que é o novo imoral imortal da Academia Brasileira de Letras”. O texto começa com a Polícia Federal notificando Merval Pereira da decisão. Depois Barroso fica com inveja e exige uma cadeia para si. E por aí vai. Agora não adianta. Vou ter que escrever. Escrevi.

(Nem que seja para fazer passar vergonha os que leem apenas o título).

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Cuiaba - MT / 24 de junho de 2025 - 16:34

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