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Cuiaba - MT / 17 de junho de 2025 - 18:42

Cientistas analisaram por 2 anos a água da chuva de SP e se surpreenderam com o que encontraram

Ao ser aplicado, às vezes com o uso de aviões, o pesticida pode ser levado pelos ventos e atingir regiões diferentes daquele onde foi aplicado. Isso explica terem sido encontrados contaminantes de uso agrícola em áreas densamente urbanizadas, como a capital paulista. “Claro que a pulverização pode intensificar essa concentração. Já a presença de contaminantes que são proibidos pode indicar que eles continuam sendo usados ou que são persistentes no ambiente e continuam aparecendo na água de chuva”, afirma.

O trabalho “Determinação de contaminantes emergentes em água da chuva nas cidades de São Paulo, Campinas e Brotas”, foi realizado pelas pesquisadoras Beatriz Saccaro Ferreira e Mariana Amaral Dias, da Unicamp, com orientação da professora Cassiana.

Ao todo, foram feitas 19 amostragens na cidade de São Paulo, 17 em Campinas e 13 em Brotas, cidade que fica em meio a lavouras de cana-de-açúcar. Em todos os pontos de coleta foi observada a presença de pelo menos um dos contaminantes. A detecção desses compostos na chuva indica a presença de contaminantes na atmosfera, tanto como partículas flutuantes, quando na fase gasosa, impregnados na neblina.

No estudo, o herbicida 2,4-D, muito usado em lavouras de cana-de-açúcar, foi o composto com maior concentração na água de Brotas. A substância gera preocupação devido à alta capacidade de transporte pelo ar e aos efeitos danosos já comprovados para a fertilidade humana, o que fez sua aplicação aérea ser proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 2023. A aplicação por aerosol (em solo) ainda é permitida.

“O trabalho foi bastante cuidadoso ao escolher três regiões que teoricamente têm um perfil diferente, justamente para ver a dinâmica do uso de agrotóxico nessas matrizes. Foi um estudo que amostrou todas as águas de chuva por dois anos, portanto não é um estudo pontual”, diz Cassiana.

Para ela, o trabalho tem o efeito de um alerta ambiental. “É um estudo que mostra um comportamento, ou seja, se a gente continua usando o agrotóxico, a gente vai continuar encontrando ele na água de chuva. Aqui (em São Paulo) encontramos principalmente agrotóxicos usados na cana-de-açúcar, que é a principal cultura paulista. Em outras regiões, como o Mato Grosso, serão encontrados agrotóxicos usados na soja, por exemplo.”

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Cuiaba - MT / 17 de junho de 2025 - 18:42

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