Anúncio

Cuiaba - MT / 21 de junho de 2025 - 0:19

Polícia conclui que arma usada para matar advogado foi plantada por PMs em cena de falso confronto

DO REPORTÉR MT

A Polícia Civil concluiu na última semana o inquérito sobre o suposto confronto entre criminosos e policiais militares ocorrido sete dias após o assassinato do advogado Renato Nery, em Cuiabá. A principal descoberta da investigação foi de que a arma utilizada no homicídio do advogado foi implantada pelos próprios militares na cena do confronto, numa tentativa de forjar a origem da arma usada no assassinato e afastar suspeitas sobre o envolvimento dos militares no crime.

A tentativa de encobrir a ligação dos policiais com o homicídio já havia começado a vir à tona em março deste ano, quando um laudo da Polícia Civil apontou que a bala que matou Renato Nery foi disparada por uma arma pertencente à Polícia Militar. A arma foi localizada durante o cumprimento de mandados da Operação Office Crime – A Outra Face, deflagrada em 6 de março. A partir daí, a ligação entre os militares e o crime ficou mais evidente.

>>> Clique aqui e receba notícias de MT na palma da sua mão

Leia mais – Bala usada para matar Renato Nery é da Polícia Militar

De acordo com a Delegacia Especializada de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), responsável pelas investigações, exames periciais e outras provas demonstraram que os suspeitos abordados no suposto confronto – registrado no dia 12 de julho do ano passado –  não fizeram uso de arma de fogo, como alegaram os policiais. Ainda assim, duas armas foram apresentadas posteriormente pelos militares como supostamente apreendidas nessa ocasião – uma delas, justamente, a que havia sido usada para matar Renato.

As investigações apontam que os PMs tentaram forjar a cena para atribuir a terceiros o uso da arma e, assim, ocultar seu envolvimento direto no crime. Os quatro policiais militares envolvidos foram ouvidos mais de uma vez sobre a ligação da arma com o homicídio do advogado, mas todos optaram pelo direito ao silêncio.

Leia mais – DHPP indicia policiais presos por envolvimento na morte de advogado

Indiciamentos

Diante das evidências, a DHPP indiciou os quatro policiais, integrantes do Batalhão da Ronda Ostensiva Tático Móvel (Rotam), pelos crimes de homicídio com a qualificadora de assegurar a impunidade de outro crime (com relação à vítima fatal no falso confronto), tentativa de homicídio (em relação a duas outras vítimas, sendo uma delas alvejada), porte ilegal de arma de fogo e fraude processual, por alteração da cena do crime.

Os militares indiciados são: Wailson Alessandro Medeiros Ramos, Wekcerlley Benevides de Oliveira, Leandro Cardoso e Jorge Rodrigo Martins. Eles foram presos preventivamente durante a Operação Office Crime – A Outra Face e seguem custodiados no batalhão da PM, à disposição da Justiça.

Com a conclusão do inquérito sobre o falso confronto e os indiciamentos formalizados, os autos foram encaminhados ao Ministério Público para análise e possível oferecimento de denúncia.

Leia mais – Caseiro e policial militar são indiciados por envolvimento na morte de advogado em Cuiabá

Outros envolvidos

No total, seis foram indiciados por envolvimento no assassinato do advogado. Além dos quatro policiais militares, também foram responsabilizados o caseiro Alex Roberto de Queiroz Silva, apontado como o autor dos disparos que mataram Renato Nery, e o policial militar Heron Teixeira Pena Vieira. Ambos também estão presos preventivamente e devem responder por homicídio triplamente qualificado.

Morte de Renato
O advogado foi baleado no dia 5 de julho de 2024, assim que chegava ao seu escritório na Avenida Fernando Corrêa da Costa, em Cuiabá. Ele foi socorrido e submetido a uma cirurgia de emergência no hospital Jardim Cuiabá, mas morreu no dia seguinte.

A DHPP aponta que o crime foi motivado por uma disputa por terras.

Facebook
Twitter
WhatsApp
Telegram
Anúncio

Cuiaba - MT / 21 de junho de 2025 - 0:19

LEIA MAIS